Como você se sente em relação a sua vida financeira? A resposta está relacionada ao bem-estar financeiro, e diz respeito ao controle das finanças do dia a dia, à tranquilidade financeira, ao alcance dos sonhos e objetivos de vida, à liberdade financeira. Todos esses conceitos remetem ao controle financeiro e à capacidade de poupar e investir. Em qualquer caso, o ponto comum para alcançar esse objetivo é ter uma vida financeira organizada.

Os que desejam melhorar o seu nível de bem-estar financeiro, portanto, precisam organizar as suas finanças. Somente assim poderão fazer frente às despesas, ao estilo de vida desejado no presente, e ainda conseguirão poupar para ter mais tranquilidade financeira e alcançar os objetivos e sonhos planejados para o futuro.

E o que fazer para organizar a vida financeira? Neste tópico, será proposto um passo a passo com conceitos e ferramentas que podem ajudar nessa missão.

A vida financeira presente certamente é consequência de decisões e ações passadas, assim como o futuro será fruto das decisões presentes. Mas isso não significa dizer que o que foi feito no passado não possa ser alterado, melhorado ou até desfeito. 

Por essa razão, é importante, como primeiro passo para organizar a vida financeira, elaborar e analisar a fotografia da vida financeira presente, que é conhecida como balanço patrimonial pessoal ou familiar (BPF).  

Em um caderno, planilha ou aplicativo (caso queira, utilize esta planilha modelo), relacione, de um lado, todos os seus bens e direitos, e aí você pode incluir carro, casa, o quanto dispõe de capital e investimentos etc. E de outro os seus compromissos financeiros, como empréstimos e financiamentos a pagar, cartões de crédito a pagar, absolutamente tudo.  

O que você possui é chamado, no mercado financeiro, de ativo, e o que você deve, de passivo. Depois de listar tudo, subtraia dos ativos, os passivos. Essa diferença recebe o nome de patrimônio líquido pessoal (PLP).  

Do ponto de vista financeiro, espera-se um PLP positivo, e crescente ao longo do tempo, pelo menos durante a fase que chamamos de acumulação de riqueza. Afinal, há períodos em que pode ser normal reduzir o PLP, como na aposentadoria, desde que de forma planejada.  

Mas conhecer o PLP não é a única motivação para elaborar o BPF. Por meio dele é possível enxergar melhor os impactos de nossas decisões passadas, tanto nos investimentos como nas dívidas, e tomar medidas corretivas, se necessárias.  

Quanto aos investimentos, é importante reavaliar se eles estão alinhados aos seus objetivos e perfil de risco. 

Com respeito às dívidas, é fundamental relacionar, para cada uma, as condições de prazo e taxas negociados na contratação, para refletir se há possibilidades de quitá-las, renegociá-las ou substituí-las por outras com melhores condições e que melhor se adequem ao seu orçamento. Feito isso, caminhe para o próximo passo.  

Nem chegou o fim do mês e já falta dinheiro para pagar as contas? Precisa se endividar para honrar os compromissos? Não tem recursos para quitar a fatura do cartão? Mais um mês sem conseguir poupar?  

Essas situações são mais comuns do que se imagina, e representam um cenário muito danoso para a vida financeira: gastar mais do que se ganha. O descontrole financeiro, além de causar diretamente estresse financeiro, mina a capacidade de construção de reservas financeiras, necessárias para a tranquilidade financeira e para o alcance dos objetivos de vida.  

Esse cenário, portanto, precisa ser mudado com conhecimento, planejamento e mudança de comportamento. Aqui neste passo, “Para onde vai o seu dinheiro?”, vamos falar sobre o conhecimento.  

Não há controle financeiro sem conhecimento. Quanto foram os gastos com as compras de mercado neste mês? Poucos têm a resposta exata. Alguns arriscam um número, mas ao comparar com a realidade, se surpreendem. E isso acontece com as outras categorias de despesas. Conhecer o destino do dinheiro é etapa fundamental para adquirir o controle financeiro.  

A sugestão aqui é registrar periodicamente os seus ganhos e despesas. Idealmente os registros devem ocorrer diariamente, e devem ser acompanhados pelo menos uma vez ao mês. Como? Tanto faz, seja um caderno, uma planilha ou aplicativo (caso queira, utilize esta planilha modelo). Essa ferramenta é conhecida como Fluxo de caixa pessoal ou familiar (FCF).  

O importante é definir as principais categorias de renda e despesas da família, como moradia, alimentação, transporte, saúde, educação, lazer e entretenimento, entre outros, e começar a anotar tudo. 

Ao final do primeiro período de apuração, normalmente um mês, os resultados podem identificar três diferentes perfis de gasto: 

  • Superavitário: gasta menos do que ganha. PARABÉNS! este é o cenário ideal. Quem está aqui, além de possivelmente não passar por estresse financeiro, ainda consegue poupar; 
  • Deficitário: gasta mais do que ganha. CUIDADO! Este é o pior cenário. Quem está aqui possivelmente passa por constantes situações de estresse financeiro, não poupa, e tende a se tornar endividado. 
  • Equilibrado: gasta exatamente o que ganha. ATENÇÃO! Apesar de aparentemente tranquilo, este não é o cenário ideal. Quem está aqui não consegue construir reservas financeiras e fica perto de se tornar deficitário, afinal qualquer despesa adicional pode desequilibrar as contas.  

A identificação dos perfis de gasto, no entanto, não é o único benefício do registro das despesas. Ao conhecer para onde o dinheiro está indo é possível apontar os principais vilões do FCF, e identificar as possíveis causas de um descontrole, por onde a mudança de comportamento poderia começar.  

E não para por aí. Ainda que se tenha um fluxo de caixa superavitário, conhecer o padrão de gastos pode ajudar a perceber a alocação do dinheiro no estilo de vida, e refletir se ele de fato reflete aquilo que mais traz bem-estar para a família.  

Portanto, mãos à obra. Comece agora mesmo.  

Mas, embora necessário, o registro das despesas e receitas não é suficiente para alcançar o controle financeiro. É preciso caminhar para o próximo passo.  

A análise do registro de receitas e despesas no fluxo de caixa familiar olha apenas o passado, um padrão de gastos que já ocorreu. Se em um mês o resultado for deficitário, já foi, não há nada o que fazer a respeito.  

Por essa razão, o fluxo de caixa deve ser utilizado para ajudar a projetar o padrão de gastos futuros de uma família. O que isso significa? É simplesmente estimar, para os meses seguintes, a previsão da renda familiar, e de que maneira ela será destinada às diferentes categorias de despesas. Pode-se fazer inicialmente uma previsão para os 12 meses do ano, mas à medida que se avança na organização da vida financeira, é interessante que esta projeção seja feita para períodos ainda mais longos.  

Essa ferramenta, que permite visualizar para períodos futuros a renda e os gastos estimados, é chamada de Orçamento Doméstico. Assim como no caso do BPF e do FCF, o Orçamento Doméstico pode ser feito da maneira que mais for conveniente a cada um (Caso queira, sugerimos esta planilha modelo).  

É muito importante não esquecer de considerar no Orçamento Doméstico a previsão para as reservas financeiras necessárias ao alcance dos objetivos de vida.  

O orçamento doméstico traz pelo menos três benefícios: 

  1. Flexibilidade para ajustes: como é apenas um planejamento, uma previsão, ele permite visualizar com antecedência se o resultado financeiro em determinado mês será superavitário, deficitário ou equilibrado, permitindo, assim, ajustes antes mesmo que resultados indesejados aconteçam;  
  2. Otimização do consumo: no orçamento doméstico é possível planejar melhor os gastos, conforme as preferências das famílias, o que tende a maximizar o bem-estar. Quando se gasta sem planejamento, isso geralmente não acontece; 
  3. Previsão para poupar: nas projeções, o Orçamento Doméstico sugere destinar parte da renda a reservas financeiras. Trata-se, portanto, de um instrumento que ajuda a colocar em prática um antigo conselho em finanças pessoais: pagar primeiro a nós mesmos.  

Vá em frente! Construa o seu orçamento doméstico familiar. Mas, não pare por aí. Ainda há mais um passo a percorrer em direção a uma vida financeira mais organizada.  

O orçamento doméstico é apenas um plano, um desejo. Se manter dentro do planejado, no entanto, é um desafio. Em parte, esse controle deve ser feito pelo acompanhamento periódico. É o momento de juntar o que está planejado, o Orçamento Doméstico, com o registro das receitas e despesas, o Fluxo de Caixa da Família. Sugere-se que esse controle ocorra pelo menos uma vez por semana, para garantir que eventuais desvios possam ser corrigidos.  

Mas isso pode não ser suficiente. Por quê? A explicação está relacionada ao nosso comportamento de consumo. Nem sempre consumimos de forma consciente. Como é nosso comportamento de compras de mercado? Gastamos muito luz? Precisamos do plano de TV e telefonia contratados?  

A resposta para essas e outras perguntas pode ser surpreendente. E, em boa parte dos casos, pequenas mudanças de comportamento, no que se refere ao consumo, podem permitir uma redução significativa nos gastos, sem que o estilo de vida e, portanto, o bem-estar financeiro sejam afetados.  

Pense nisso!

Quer saber mais? 

Se essas ideias lhe parecem interessantes, sugerimos que vá adiante. Busque mais conhecimento e informação.  

Para aplicar em sua vida, sugerimos a leitura e utilização do Guia CVM de Planejamento Financeiro   

Estude mais sobre controle financeiro na apostila do módulo 04 do Programa Bem-Estar Financeiro

E se quiser ir ainda mais longe no que se refere ao Planejamento Financeiro, leia o livro TOP Planejamento Financeiro Pessoal.