O risco é inerente aos investimentos no mercado de capitais. Aspectos políticos e econômicos, riscos específicos deum setor ou determinada companhia, mudanças na aversão ao risco dos investidores, entre outros aspectos, podem influenciar significativamente nos preços de negociação dos ativos financeiros e/ou na capacidade de as empresas gerarem lucro e cumprirem com as suas obrigações.
Essas características determinam os chamados riscos de mercado, de crédito ou de liquidez presentes nos investimentos financeiros. Em finanças, diz-se que os investidores podem reduzir tais riscos, especialmente com diversificação, mas não é possível eliminá-los totalmente. A decisão envolve uma análise da relação risco e retorno, considerando o perfil de risco e os objetivos de cada um.
Há problemas, no entanto, que podem ocorrer e que não estão relacionados a esses riscos, como por exemplo as fraudes financeiras. Esse tipo de problema sim pode ser evitado pelo investidor. Para isso, é preciso que ele esteja atento aos sinais, conheça os principais esquemas irregulares e fraudes no mercado, e saiba o que fazer.
Os golpes e fraudes cometidos no mercado financeiro em geral apresentam características comuns, que se repetem. São sinais, presentes na maioria dos casos, que podem caracterizar o esquema ilegal. Conhecê-los, pode ajudar o investidor a não se tornar uma vítima e, com isso, evitar prejuízos que, em alguns casos, são irreversíveis. Os principais sinais são:
- Promessas de ganho alto, com baixo risco: investimentos com potencial de retorno mais alto têm também risco mais elevado. Essa é a conhecida relação risco x retorno. Desconfie de ofertas que indiquem o contrário.
- Fórmulas mágicas ou dicas “quentes” para investir: pessoas ou empresas que afirmam ter fórmulas mágicas para investir podem ou estar utilizando estratégias muitas vezes não verdadeiras para vender um curso ou um serviço, ou estar envolvidas em algum esquema ilegal. E cuidado! “Dicas” podem ser na verdade o uso de informação privilegiada, o que é considerado crime no mercado de capitais.
- Ofertas feitas por pessoas ou instituições não autorizadas: outra característica muito comum aos golpes financeiros é o fato de as empresas, ofertas e pessoas envolvidas não estarem legalmente autorizadas. Antes de investir, sempre se certifique que o profissional, a instituição e a oferta estejam registrados na CVM.
- Pressão excessiva: golpistas querem que a decisão de investimento seja rápida, sem planejamento ou reflexão, pois sabem que se o investidor parar para pensar ele pode não cair na fraude. Para isso utilizam técnicas para “forçar” a decisão dos investidores, apresentando ofertas em que a decisão tem que ser tomada em um prazo muito limitado. Reflita antes de investir. Toda decisão de investimento deve ser tomada de forma consciente e planejada.
Esteja atento! E lembre-se, em caso de dúvidas ou se desconfiar de alguma oferta, entre em contato com a CVM.
Mercado Forex
O Forex é um tipo de derivativo baseado em pares de moedas de diversos países (dólares, euros, libras etc.), ou seja, cujos ativos subjacentes são pares de moedas. De forma resumida, a operação envolve a compra de uma determinada moeda e a venda simultânea de outra. As moedas são negociadas em pares. O investidor não compra as moedas fisicamente, mas a relação monetária de troca entre elas, e é remunerado em função da diferença na valorização.
Como as cotações das moedas variam livremente, esse mercado é caracterizado por ter alta volatilidade e, portanto, o investimento em Forex é considerado de alto risco. Esse risco ainda é potencializado pelo mecanismo da “margem”, que permite aos investidores negociar um volume maior de dinheiro, aplicando apenas uma parte dele.
Além disso, os derivativos são valores mobiliários e estão sujeitos à regulação da CVM, de forma que a oferta pública não registrada na CVM e a atuação nesse mercado de corretoras não autorizadas pela Autarquia são consideradas ILEGAIS. E não há, até o momento, instituição brasileira autorizada.
Por isso, fique alerta e esteja atento aos riscos, como a alta volatilidade, a alavancagem, a natureza do investimento, falta de informação adequada sobre o produto, a inexistência de proteção dada pelas regras brasileiras e o envolvimento de entidades não autorizadas, o que adiciona riscos de fraudes e roubo de dados pessoais, entre outros.
Para mais informações, leia o Alerta CVM sobre Mercado Forex.
Criptoativos e ICOs
Os criptoativos são ativos virtuais presentes exclusivamente em registros digitais, cujas operações são armazenadas em uma rede de computadores. O funcionamento se baseia em uma tecnologia de registro descentralizado, em uma rede ponto a ponto de computadores espalhados ao redor do mundo.
Há diferentes razões que motivam a criação de um criptoativo. Há, por exemplo, as criptomoedas, os criptoativos mais conhecidos, criados para a realização de pagamentos ou transferências financeiras, como o Bitcoin. É preciso saber que, nesses casos, eles não são emitidos, garantidos ou regulados por qualquer autoridade monetária. Portanto, a aceitação desses ativos virtuais como meio de pagamento não é mandatória. Consulte a respeito as orientações do Banco Central. Além disso, a compra e venda de uma moeda virtual não é de competência da CVM.
No entanto, essa mesma tecnologia deu origem ao ICO (Initial Coin Offering), ou oferta inicial de ativos virtuais, utilizada como ferramenta para captação de recursos financeiros junto ao público, realizada por empresas ou projetos, que emitem em troca ativos virtuais ao investidor.
Em alguns casos, esses ativos (tokens) podem representar direitos de participação ou remuneração no negócio, chamados de utility tokens, quando configuram contrato de investimento coletivo, o que caracteriza uma operação no mercado sujeita à regulamentação da CVM. Nessa situação, a oferta deve ser realizada de acordo com a regulação da CVM.
Os criptoativos em si não são fraudes. No entanto, o investidor precisa estar atento. As características inerentes a eles, assim como aos ICOs, apresentam riscos, como comprovam os inúmeros casos divulgados nos últimos anos. Entre os principais, destacam-se a alta volatilidade dos preços, o risco de liquidez, riscos cibernéticos e riscos da não regulamentação ou do caráter transfronteiriço das operações.
Além disso, muitas fraudes e esquemas ilegais têm sido estruturados utilizando-se como pano de fundo os criptoativos e os ICOs. Esteja sempre atento aos sinais de fraude e saiba o que fazer para.
Leia o Alerta CVM sobre Criptoativos e saiba mais.
Para saber mais, assista a este vídeo sobre criptoativos disponível no canal do CVMEducacional no Youtube:
Pirâmides Financeiras e Esquemas Ponzi
Pirâmide financeira é uma prática criminosa de captação de recursos do público. No modelo mais clássico, esses esquemas se organizam como negócios supostamente legítimos, para dar aparência de regularidade, que se utilizam ou de anúncios de investimentos ou como oferta de trabalho, com a promessa de ganhos altos e em curto espaço de tempo. No entanto, os lucros prometidos são pagos com os aportes dos novos participantes, que pagam para aderir à estrutura (“investimento inicial”).
Essa adesão de novos membros permite o desenvolvimento da pirâmide, até que a velocidade de sua expansão não seja suficiente para pagar todos os compromissos. Por isso, o esquema é insustentável. Atrasos nos pagamentos levarão ao desmoronamento do esquema, gerando prejuízos especialmente para os novos participantes, que por terem ingressado mais recentemente, não terão tempo para recuperar o que foi “investido”.
Tem sido comum esses esquemas piramidais se apresentarem como empresas de marketing multinível (esse sim um negócio legítimo), o que dificulta a identificação da fraude. No entanto, as empresas de marketing multinível oferecem produtos que de fato são demandados pelo mercado, enquanto as pirâmides em geral são baseadas na oferta de produtos ou serviços que não possuem um valor relevante de mercado.
Além disso, as pirâmides financeiras apresentam características específicas que podem ajudar em sua identificação, tais como: altas taxas de adesão ou investimento inicial; foco maior na captação de novos participantes do que em um esforço real de vendas; e ofertas com promessa de rentabilidade alta, acima do que o mercado oferece, e em curto espaço de tempo.
Há, no entanto, esquemas com aparência maior de investimento, como os chamados esquemas Ponzi, em que os lucros também são pagos com recursos novos, mas com a diferença de que o investidor não precisaria realizar esforços para atrair novos participantes.
Fique atento!
Oferta irregular de contratos de investimento coletivo
Alguns casos de golpes bastante conhecidos acontecem quando empresas ou pessoas se passando por empreendedores oferecem ao público a oportunidade de realizar investimentos por meio de contratos de parceria, chamados de contratos de investimento coletivo, mas sem registro na CVM.
Muitas vezes, essa distribuição pública é acompanhada de promessas irreais de rentabilidade, de modo a atrair um número maior de aplicadores. Já houve casos para “investir”, por exemplo, em engorda de animais ou em outros empreendimentos, como produção agrícola, reflorestamento etc., sob a promessa de que seriam capazes de gerar lucro suficiente para remunerar o capital investido pelas diversas pessoas participantes desse “pool” de aplicadores.
No entanto, a oferta pública de valores mobiliários (como esses contratos de investimento coletivo) exige registro na CVM (podendo ser dispensada em casos específicos).
Nesses empreendimentos irregulares, não registrados na CVM, além de a operação ocorrer à margem da lei, é comum que existam casos de os saques dos investidores serem pagos com o dinheiro de novas aplicações, como ocorre com as pirâmides financeiras. Quando as retiradas superam as aplicações, o sistema entra em colapso, por incapacidade de honrar os pedidos de saque. Mesmo com a responsabilização dos infratores, a recuperação do capital “investido”, e então perdido, pelo investidor, encontra bastante dificuldade.
Golpe das ligações sobre investimentos "esquecidos"
Nesse tipo de golpe, alguém entra em contato informando que você possui ações de uma determinada companhia ou fundo, como cotas do “Fundo 157”, e oferece o serviço de “recuperar” o investimento e vendê-lo em seguida. No entanto, o fraudador exige o pagamento de um valor antecipado, apresentando diferentes justificativas: “imposto de renda”, “taxa cobrada pela CVM” ou “corretagem”.
Em alguns casos, essas pessoas afirmam que representam um grupo que está comprando a companhia da qual você seria acionista e desejam adquirir suas ações. Para aqueles que questionam o fato de a operação ser feita dessa forma, pode ser explicado que a quantidade de ações está abaixo do lote mínimo de negociação, razão pela qual a compra é feita fora de mercado. Outros alegam que irão vender para você a quantidade necessária para completar o lote mínimo para venda.
Depois do contato inicial, normalmente é informado o número de uma conta corrente na qual você deverá depositar o pagamento antecipado.
Em outros casos, para aumentar a confiança do investidor, é solicitado o número de sua conta para que possam depositar primeiro o valor da venda das ações, quando então o investidor deveria fazer o tal pagamento. Muitos recomendam que seja confirmada a realização do depósito na sua conta antes de fazer o pagamento a eles. O depósito pode ser feito, mas ele normalmente ocorre por meio de cheque, que será provavelmente estornado, posteriormente, por insuficiência de fundos.
Uma vez tendo recebido o depósito feito por você, os golpistas irão desaparecer, os números de telefones de contato estarão desligados e o endereço dado será falso.
Portanto, essas pessoas mal-intencionadas podem se utilizar de diversos artifícios para tentar enganar o investidor. Esteja sempre atento!
Para consulta a eventuais saldos de investimento em Fundos 157, acesse diretamente a Central de Sistemas da CVM.
O canal CVMEducacional no Youtube tem uma série de vídeos sobre fraudes financeiras. Acesse e assista. Veja abaixo alguns deles:
Em qualquer caso, antes de aceitar qualquer oferta, entre em contato com a CVM.
Algumas atitudes e reflexões simples podem ser suficientes para manter o investidor longe de problemas e fraudes. São elas:
- Desconfie de promessas de rendimentos altos
Desconfie de ofertas de investimentos com promessas de retornos muito altos, especialmente quando vierem com a promessa de que são garantidos, ou com baixo risco, ou então quando há poucas informações sobre o risco. Lembre-se, se é bom demais para ser verdade, provavelmente não o é. Nos investimentos, retorno e risco andam juntos. E o investidor deve estar atento a isso!
2. Cuidado com supostos especialistas em fóruns na internet ou nas redes sociais
Não é raro encontrar fóruns de discussão ou canais em redes sociais em que ditos especialistas divulgam ter desenvolvido “fórmulas” para “ganhar dinheiro” na bolsa. Cuidado! Não existem fórmulas mágicas. Os maiores especialistas do mercado financeiro e professores renomados já alertam sobre isso há tempos. O interesse por trás desses fóruns pode ser apenas lhe vender alguns cursos, muitas vezes “vazios”, ou podem até ser uma fraude.
3. Cuidado com ofertas feitas pela internet
Hoje em dia é muito fácil construir sites bonitos, elegantes, cheios de informações e depoimentos às vezes não verdadeiros. Essa vitrine virtual pode passar para o investidor uma mensagem falsa de segurança. Por isso, lembre-se, toda oferta, assim como a empresa emissora do investimento e os profissionais envolvidos precisam estar registrados ou autorizados pela CVM a atuar no mercado de capitais. Consulte sempre o registro (próximo tópico).
4. Verifique sempre o OFERTANTE/INTERMEDIÁRIO.
Apenas instituições autorizadas podem oferecer operações no mercado de valores mobiliários. Antes de aceitar qualquer oferta ou contratar serviços profissionais nesse mercado, consulte se a oferta, o intermediário e a empresa estão devidamente registrados na CVM.
5. Atenção a supostos “cursos” de educação financeira.
A Educação Financeira é fundamental para que todos possam controlar as suas finanças pessoais, consumir de formar consciente, criar o hábito de poupar, e tomar decisões de investimento mais planejadas e conscientes. E não há necessidade de registro na CVM para oferecer cursos sobre o mercado de capitais.
Mas, atenção! Tem sido cada vez mais comum o uso da internet, das redes sociais e de outros meios eletrônicos de amplo alcance para a divulgação e a realização de ofertas de serviços “disfarçadas” de cursos, webinars, apresentações e outras iniciativas “educacionais”.
No entanto, essas ofertas podem implicar no exercício de atividades sujeitas à autorização da CVM, como, por exemplo, a análise, a consultoria e a oferta e intermediação de valores mobiliários. Nesse caso, se essas atividades forem realizadas por pessoas ou instituições não autorizadas pela CVM, ficam caracterizados o exercício irregular da atividade e a potencialização dos riscos para os investidores.
No caso da atividade de análise de investimentos, por exemplo, o investidor pode perceber a diferença, quando o “curso” foca menos em ideias, conceitos e teorias, e apresenta recomendações de investimento realizadas pelo profissional. Nesses casos, o investidor deve consultar se o profissional é devidamente autorizado para desenvolver a atividade.
6. Tenha certeza de que entendeu os riscos e as características do investimento antes de investir.
Ninguém precisa ser um expert em investimentos para poder investir. Mas é importante pelo menos compreender a mecânica do investimento, as suas dimensões de retorno, risco, liquidez. Se você não consegue explicar a alguém pelo menos as principais características do investimento escolhido, é porque não o entendeu completamente. Nesses casos, cuidado! Poder ser melhor buscar mais informação e orientação antes de tomar a sua decisão de investimento.
7. Proteja suas informações e acompanhe suas operações.
Não entregue a sua senha a terceiros. Ela é como a chave de sua casa. Acompanhe as operações realizadas em seu nome.
8. Busque informação e orientação
A informação é a primeira linha de defesa contra golpes financeiros. Golpistas são normalmente pessoas simpáticas e que estão habituadas a mentir, por isso, tenha um espírito crítico. Oriente-se com profissionais autorizados, consulte os canais de atendimento dos reguladores do mercado, como é o caso da CVM.
9. Entre em contato com a CVM
Em caso de dúvidas, reclamações ou denúncias relacionadas ao mercado de capitais, entre em contato com o serviço de atendimento ao cidadão da CVM (SAC-CVM)